Helena Arcoverde

O vaso

Posted in Uncategorized by helenarcoverde on 31/01/2016

vaso

Por Helena Arcoverde

Bailarinas em relevo se imiscuíam nas laterais do vaso. Veios verticais davam-

lhe um ar caraquento. Imaginei que a textura dele seria realçada depois de

limpo. Mirei-o detidamente. Mas o banho de esponja não retirara a sujeira.

Coloquei-o de molho. Parecia apinhado de carunchos. A robustez do vidro

resistia aos esfregões. Desanimada, desisti. Depois de enxugá-lo, coloquei-o

sobre um aparador. Ora iluminava-o, ora deixava-o na penumbra. E os

pontinhos não arredavam. Fervilhavam desnudados pela claridade.

Insinuavam-se entre a parede do vidro fosco como a me convencer ser parte

de. Eu olhava – cismadora – o objeto. Arrodeava-o sem movê-lo do lugar. E ele

– borrifado – reinava, insistente. Logo alguém sugeriu: pinta de verde, vai ficar

lindo. Vieram mais dias e as dançarinas eternizavam um único e desolador

movimento em meio ao respingar igualmente aprisionado.

Posted in Frase, Uncategorized by helenarcoverde on 30/01/2016

Por Helena Arcoverde

Quando o povo opta pelo escárnio já não considera os mandatários como seus representantes.

Sem reservas

Posted in Conto by helenarcoverde on 13/01/2016

foto (5)

Por Helena Arcoverde

Fechara os olhos. Imiscuía-se em uma zona sem forma que se expandia e a ela se unia sem reservas. Obrigara-se a abrir os olhos, mas nao o fez. Encontrava-se ante o não nomeado. Nao medível. O nada a fazia inteira. Alongava-a. Negava ruídos e formas. Era imperioso o retorno. Descerrou os olhos. Jocosos, os objetos a esperavam.

Posted in Poesia by helenarcoverde on 11/01/2016

Por Helena Arcoverde

Sem me perdoar
miro a flor mais próxima
e me conformo

Sem volta

Posted in Poesia by helenarcoverde on 11/01/2016

Por Helena Arcoverde

O irreversível esbarrou em mim

desalegrou meu dia já morno

acelerou meu eu inteiro