Mark, me acode.
Acervo pessoal
“E eu que pensei já ter visto tudo”. O veio popular por vezes exprime em uma frase o que muitos diriam em várias. Por isso me valho dele agora e, provavelmente, em várias outras ocasiões. Bem, sem teorizações baratas, vamos aos fatos. Minha amiga passou uns tempos na floresta e levou dois dos três cachorros consigo. Mas cá ficaram outros familiares sequiosos de interação, questão fácil de ser resolvida, disse ela: eu os coloco ao telefone todos os dias e eles, após esse contato, ficam acabados. Fiquei estarrecida com a solução. Mas “aqui se faz, aqui se paga”. Lupicínio estava certo. Então, tempos depois tive que me ausentar e recorri ao mesmo método: oi, neném, a mama está morrendo de saudades, como você está? Não fuja, bebê, senão eu morro. E depois do ato insano ainda perguntei ao filho: qual a reação da Fefa – apelido da gatinha – ao ouvir minha voz? É, amigos, a situação é preocupante. Só Nossa Senhora das Cabeças, como diz minha irmã, sábia por ser a mais velha, dá jeito. Minha amiga voltou e tem agora mais um cachorro para usar a velha tecnologia de Grahan Bell. Mark, dá pra estudar um pouco esses novos usuários: interface, impacto, usabilidade? Sem querer abusar, o design pode ser mais funcional?
Metod produção texto e outros comentários
Meus dois últimos contos foram – “As rosas marrons” e “O ônibus”. O primeiro é mais recente e o último existe há algum tempinho e é meu favorito-por enquanto. Em geral planejo bem minhas estratégias ao escrever, mas “O ônibus” foi meio “de chofre” e, pelo menos dessa vez, parece ter dado certo. Não disponibilizo todos os que tenho (não são tantos assim) porque sempre reservo um pouco para um eventual material escrito que ainda editarei (juntamente com os já publicados). Os poemas, no entanto, praticamente disponibilizo tudo que escrevo (possuo apenas um inédito). Como disse anteriormente alguns textos “parecem querer desfrutar” de certa autonomia e “O ônibus” é um dos exemplos.
Sem título
o corpo arrancado
rasga os veios do amor
e eles andarão a sós
pelos escombros da noite
sem alertas
reaprenderão a caminhar
negociarão com o dia
e conhecerão outros amores
cobrirão a dor da perda
ao fim ela reacenderá
destrutiva e amena
como toda dor
A moça da Sete
Por HelenaArcoverde (a The)
Sou das ruas sem nome
Da cidade dos sois
Das gentes desconhecidas
Das cenas alheias
com casais enroscados nos muros
bicicletas a espera na rua detrás
das moças de outras bandas
Sou a moça da Sete
Encabulada dos que nunca vira
barulhenta entre os seus
Sou de todas as mães
Sou de todas as igrejas
e só de uma não troco o nome
Sou da rua asfaltada do South
Saudosa do chão batido
que a rua nunca vira
Sou da Olavo
onde nunca pousei
Quem sabe da São Pedro
onde nunca morei
Sou vizinha da Félix
Sou de todas as casas
entre a Sete e a Mestre
Mas também de todas as do North
Sou fuga e raro reencontro
Sou lampejo que se esvai
Sou da cidade dos sois
na qual perambulo
pelos rios sem dono
nas noites sem sono
Bem perto da Sete.
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