Helena Arcoverde

Limpeza teórica? Mais essa!

Posted in Crônica by helenarcoverde on 16/06/2011

Não se estuda apenas com base em consensos, mas também em pensamentos distintos. Não se pinça pressupostos adversos para comprovar um trabalho que já se sabe a resposta antes de iniciá-lo, apenas para  corroborar com o que já se tinha feito e os colegas também, mas sim para descobrir, investigar, certificar-se, de preferência provisoriamente. A perpetuação das certezas é nociva. O que se vê, em muitos casos, é uma espécie de unanimidade infrutífera. Os resultados dessa “limpeza” teórica só ficarão evidentes quando começarem a sobrar vagas, quando recair para um funcionário o trabalho de dez que estão na mesa ao lado, mas não conseguem desenvolve-lo, seja ele em qual âmbito for. Quando os discursos, já repetitivos, estiverem realmente insuportáveis. Não se obtém avanços porque a estaca é sempre zero. Você lê e já sabe as conclusões ainda no primeiro parágrafo “a depender do andar da carruagem”. E ela tem sempre os mesmos passageiros: olá gente, acreditem, estou certa, estou de volta! E, então expressões como “trabalho desenvolvido à luz de estudos teóricos” ficarão (felizmente há exceções) em desuso. Alguém falou em luz?

EaD: viabilidade e desdém

Posted in Crônica by helenarcoverde on 12/06/2011

Mesmo que se reconheça que a tecnologia não democratiza a informação nos percentuais que costumeiramente são divulgados, é inacreditável que alguns estudiosos continuem a virar a cara para a educação a distância. O argumento de que, no âmbito da EaD os velhos problemas e a fragmentação continuam, o que é plausível, não legitimam a negativa da democratização oportunizada pelos meios de comunicação na educação. Isso sim, é uma atitude elitista, eu diria. A EaD, com todas as falhas, fascina não somente pelo número de alunos atingidos, mas também por resgatar trajetórias, por deixar vir a tona singularidades em meio a uma sequência de telas, monitores, câmeras e vidas.

Dizer da necessidade de se aprofundar a reflexão em torno da EaD não se constitui em uma novidade, mas sim em uma afirmação óbvia. Essa necessidade não é exclusiva dessa modalidade, deve fazer parte de todas as instâncias educacionais (e não somente). Portanto, não é um bom argumento.

A EaD apenas obtém as rebarbas da demonização dos meios de comunicação, um discurso que tem a mesma idade dos primeiros avanços. Admiração aos quebradores de máquinas da Revolução Industrial? Não creio. Muito pelo contrário, na intimidade essas inovações são amadas pelos seus detratores. A maioria dos que assim age se esquece de observar que a tecnologia, mesmo não estando, de imediato, ao alcance de boa parte da população, é um meio de integrar e não de segregar. Por que seria diferente com os que não tiveram oportunidade de dar continuidade aos seus estudos?.

As verbas públicas (e privadas) destinadas ao desenvolvimento da EaD no Brasil resultarão em avanço, sim, como já está ocorrendo, mesmo que o desdém continue. Esse desprezo pela EaD é o desprezo, mascarado, pela classe beneficiada com o desenvolvimento desses programas. Para alguns, apenas corpus valiosos. Discursar é sempre mais fácil. Pior é quando o nível da água sobre.

Helena no Jornal da Manhã

Posted in Fotografia by helenarcoverde on 06/06/2011

Final da década de 80. Crédito Antônio Alcântara