“costume de casa vai à praça”
por helena sobral arcoverde
Não se surpreenda de nada vindo das pessoas ou das organizações, me dizia sempre uma amiga. E eu sigo à risca o conselho, embora tenha demorado a me certificar de que ele combina muito com as relações entre as pessoas e destas com as entidades. Erros, acertos, disputas, barganhas estão presentes nos organismos públicos e privados porque são parte dessa vidinha cotidiana com a qual nos embolamos pelo resto da vida e alguns – ou muitos- se atrevem a glorificá-la como exemplar, afinal, o glamour nunca esteve tão na moda. Conchavos, vinganças,”panelinhas”, vaidades e, como não poderia faltar, raras éticas porque “ninguém é de ferro”. O que se faz em casa, na vizinhança, nos grupos de amigos, nos chazinhos ou chopes de final de expediente, se faz no trabalho, nas instituições de ensino, nos asilos, nas empresas sejam elas de que âmbito forem. E, nestas horas, os regimentos internos que se adequem ao submerso, porque a intensidade dos vícios dessas relações é mais forte. “Costume de casa vai à praça”, sendo assim, nada do que foi posto aqui resulta novidade, mas sim da certeza de que aonde se vai, seja presencialmente, virtualmente, na casa do vizinho ou no trabalho, se leva esse arsenal de condutas pouco louváveis. Condutas adequadas e éticas há em todas essas relações mas, recorrentemente, se perdem nessa teia que há séculos está perpetrada no país. Talvez seja por isso que – com mais idade- se prefira conversar com as flores ou, quem sabe, com o mar.
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